O Terceiro Porquinho
(Os Três Porquinhos)
Bolão, o terceiro membro da família dos Três Porquinhos, era um empreiteiro que vivia no pequeno povoado Vale Suíno.
Naturalmente, ele construiu para si uma casa toda de tijolos. Mas, ao saber do vandalismo cometido na casa de seu irmão Bolinha e do subseqüente assassinato deste, Bolão ficou apavorado.
Naturalmente, ele construiu para si uma casa toda de tijolos. Mas, ao saber do vandalismo cometido na casa de seu irmão Bolinha e do subseqüente assassinato deste, Bolão ficou apavorado.
Na verdade, estava tão petrificado de medo que não conseguiu atravessar o povoado para prevenir seu outro irmão, Bolota.
Bolão, então, tapou as lindas janelas de sua residência com tijolos, lacrou a porta com tábuas espessas e acocorou-se num canto da sala. Os “porcos” do departamento de polícia (um termo carinhoso no Vale Suíno) telefonaram pouco tempo depois para informar que
Bolota também fora assassinado e soterrado em plena luz do dia. Todas as evidências indicavam que os dois irmãos haviam sido mortos da mesma maneira. Ao desligar o telefone, Bolão escutou a voz mais atemorizante do mundo:
— Abra esta porta, senão vou bufar, soprar, e sua casa irá voar!
Era o terrível Lobo Mau, bradando sua ameaça para, sistematicamente, aniquilar a família dos Três Porquinhos. Petrificado demais para enfrentar o lobo, Bolão permaneceu em silêncio e esperou. Acreditava que, se não reagisse, ninguém poderia feri-lo. O Lobo Mau fora embora mas poderia voltar.
Os amigos de Bolão, o porquinho que ia ao mercado e o porquinho que comia rosbife, foram visita-lo. Bolão mal conseguia escutá-los através das grossas paredes e pediu-lhes que fossem embora e o deixassem sozinho. Imaginou que a repentina visita pudesse ser o lobo disfarçando a voz para enganá-lo! Nem os doces apelos de sua noiva, Francisca Leitão, conseguiram convencê-lo a sair. E as tentativas persistentes das Bandeirantes, sempre dispostas a praticar boas ações, foram em vão.
As vozes foram rareando à medida que a parede tomava-se mais grossa, permitindo que Bolão garantisse a própria segurança por algum tempo. Mas, conforme os meses passavam, ele começou a se sentir profundamente sozinho e cada vez mais isolado do povoado e de si mesmo. Houvera uma época em que Bolão se orgulhava da própria aparência. Costumava usar um bastonete de ferro para enrolar a cauda e tomá-la perfeita. Mas desde o incidente com o Lobo Mau, Bolão tornara-se depressivo e, lentamente, passara a descuidar de si mesmo. Antes, considerava a frase “sujo como um porco” hilariante, mas agora parecia-lhe verdadeira.
Após muitos meses, ele acordou numa manhã e descobriu que aquela fortaleza de tijolos havia se tornado uma prisão. Reconheceu que a solidão transformara-se em algo pior que o pavor de enfrentar o lobo. Bolão pegou sua picareta e começou a demolir a prisão, tijolo por tijolo.
Do lado de fora, o povoado comemorou. Os amigos de Bolão deram-lhe as boas-vindas e contaram que o Lobo Mau havia morrido meses atrás de triquinose, devido à ingestão de um porco mal-assado. Então, convidaram Bolão para ingressar no grupo de vigilantes do povoado, que vinha ajudando a espantar os predadores e prevenir que o medo dominasse os habitantes.
Certa noite, várias semanas depois, enquanto Bolão recebia amigos na varanda de sua nova residência à beira da Baía dos Porcos, escutaram uma batida à porta, seguida do tão familiar e estrondoso sopro. Bolão e os amigos armaram-se e dirigiram-se à porta para confrontar o medo. Quando a abriram, encontraram a filha do Lobo Mau, Virgínia.
Sabendo que os assustara, ela desculpou-se e disse-lhes que era vítima de constantes crises de asma. Os porcos a convidaram para entrar e descobriram que ela era uma vegetariana convicta.
Afinal, quem tem medo de Virgínia Wolf?
Lembre-se: enfrentar seus medos é um grande passo em direção ao amor-próprio!
Fonte: Contos de Fadas para Adultos
Sue e Allen Gallehugh
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