segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Do baú da D.Carocha: Chapeuzinho Vermelho

 A Carapuça Vermelha


Chapeuzinho Vermelho era muito apegada à avó, Marcela, e nunca tirava a linda capa vermelha que a boa senhora havia feito para ela. Chapeuzinho an­siava por visitar a querida vovó, mas temia atraves­sar a densa floresta para chegar à casa de Marcela.

Quanto mais pensava na floresta, mais Chapeu­zinho se apavorava com as terríveis criaturas que poderia encontrar durante o tenebroso trajeto. Quando escutava barulhos à noite, imaginava fe­rozes mandíbulas de lobos, duendes beberrões e bruxas devoradoras à procura de crianças inocen­tes para acrescentar mais sabor à refeição.

Um dia, Chapeuzinho decidiu que o desejo de ver a avó era mais forte que o temor que tinha da floresta. Descobriu que o medo roubava-lhe a ale­gria da vida, e, portanto, resolveu enfrentá-lo. Pe­gou a cesta com iguarias deliciosas para a avó e ca­minhou em direção à grande floresta.

Não levou muito tempo para Chapeuzinho Ver­melho escutar um assobio. A princípio, sentiu-se lisonjeada. Depois, percebeu que não devia haver muitos trabalhadores nas profundezas da floresta. Então, imaginou-se um piquenique apetitoso para o famélico lobo. 

Atemorizada, começou a correr o mais rápido possível e caiu nos braços de um char­moso rapaz que carregava um machado.
— Jovem lenhador, poderia me proteger do lobo para que eu possa levar esta cesta de alimentos à casa de minha avó? — Chapeuzinho perguntou, ansiosa.
O homem sorriu e acariciou o capuz vermelho.
— O lobo pode sentir o aroma desta cesta de co­mida, senhorita. Por que não a deixa comigo para que eu possa entregá-la na casa de sua avó quando eu terminar meu trabalho?

Chapeuzinho aceitou sem demora e retomou a trilha da floresta, com a certeza de que alguém a protegia. Quando chegou à casa da avó, a porta já estava aberta. Espiando pela janela da cozinha, ela viu uma criatura terrivelmente peluda e pensou: “Mesmo que vovó não esteja freqüentando o salão de beleza ultimamente, ela não estaria tão cabeluda”.
Só podia ser o lobo.

Pareceu-lhe que a fera estava engolindo as últi­mas migalhas de sua avó com a ajuda de suco de laranja. Chapeuzinho ficou tão furiosa que perdeu a noção do medo e precipitou-se para enfrentar o intruso animalesco.

No mesmo instante, do lado de fora da casa, a avó de Chapeuzinho Vermelho surgiu à porta.
— Por que essa comoção, Chapeuzinho Verme­lho? Você acaba de transformar minha caminhada de dez minutos em uma corrida de cinco segundos!
— Oh, vovó! Você está salva! Pensei que o lobo a tivesse devorado — disse a espantada Chapeuzinho.
— Bem, Marcela disse que me queria para o jan­tar — o lobo explicou, brincando. — Talvez eu deva ser o único a ficar preocupado.
Os três riram e conversaram durante horas. Chapeuzinho Vermelho ficou sabendo que o lobo e Marcela eram velhos amigos.
— Sabe, vovó, você me ofereceu dois grandes presentes em minha vida. O primeiro foi esta linda capa. O vermelho combina com tudo que tenho. Mas o segundo presente é mais valioso. Você me ensinou a não julgar os outros baseada em aparên­cia e estereótipos.
 
Naquele momento, o rádio divulgou uma notí­cia extraordinária:
— Gostaríamos de alertar nossos ouvintes quan­to a um prisioneiro que se esconde nas vizinhanças da Grande Floresta. O Homem do Machado foi con­denado à prisão perpétua por assassinato em pri­meiro grau. Ele deve ser considerado armado e perigoso.

Chapeuzinho lembrou-se do belo lenhador que havia prometido protegê-la. Ela, em geral, prefe­ria manter-se calada, mas agora se sentia mais con­fiante por causa da nova experiência que vivera naquele dia.
— Vou ligar para a policia e dizer-lhe onde encon­trar esse maníaco — Chapeuzinho prontificou-se.
Mas, tão logo terminou de falar, ela avistou o le­nhador à soleira da porta. O homem puxou uma faca e investiu contra Chapeuzinho. Rapidamente, ela tirou a capa e jogou-a sobre a cabeça do intru­so, enquanto lhe tomava a faca.
Nesse meio-tempo, Marcela agarrou um punha­do de retalhos para proteger o pulso e socou o le­nhador. O lobo, por sua vez, amarrou o fugitivo de­sorientado com a resistente linha de seda de Marcela e, então, ligou para a polícia.

Desde então, toureiros profissionais passam anos tentando aperfeiçoar-se na técnica da “capa vermelha” de Chapeuzinho.




Lembre-se: NÃO julgar os outros representa um passo em direção a gostar de si mesmo!

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Tragico Dilema


TRÁGICO DILEMA
Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro. 

Mario Quintana

Do baú de D. Carocha: Cinderela

                                          Cinderela Ltda.
(A Gata Borralheira)

A verdadeira história de Cinderela pode surpreen­dê-lo, porque não envolve passarinhos animados e nem ratos cantores.

Cinderela foi criada por uma madrasta que ti­nha duas filhas, Winifred e Della, do primeiro ca­samento. Ao contrário da fábula popular, não se­ria justo chamar Jennifer, a madrasta, de malva­da.

Embora Jennifer tentasse de tudo para tratar as três meninas igualmente, Cinderela rejeitava a nova família, sufocada por sentimentos de rancor e abandono.

Ainda amargurada devido à morte da mãe e do pai, Cinderela temia que, se amasse alguém outra vez, esta pessoa também a abandonaria. Winifred e Della, que não eram detentoras de uma beleza estonteante apesar da adorável personalidade, sem­pre incluíam Cinderela em seus programas. Mas, aos poucos, pararam de convidá-la porque Cinderela repetidamente as rejeitava.

Na verdade, Cinderela preferiu isolar-se. Sentava-se perto da lareira durante horas, enquanto so­nhava ser resgatada de sua enfadonha existência por um príncipe num cavalo branco. Cinderela outrora fora linda; no entanto, com o passar dos meses, o brilho rosado fenecia à medida que se afun­dava em sofrimento e infelicidade. Ela até parou de lavar os cabelos e começou a usar a comida para e preencher o vazio da solidão. 

Claro, a solidão não foi preenchida, mas o ex­cesso de comida preencheu sua silhueta. As roupas que lhe moldavam a cintura tornaram-se trapos de tanto ela se sentar na borda da lareira apagada,cheia de cinzas.

Como não eram nada bobas, as irmãs de Cinderela logo garantiram seus ingressos para o Baile Anual das Debutantes. Perguntaram a Cinderela se ela planejava comparecer, mas Cinderela alegou que todos os vestidos a deixavam gorda e que, se a madrasta realmente gostasse dela, teria comprado um ingresso para ela ao invés de fazê-la pagar.

Cinderela acreditava que, se esperasse tempo su­ficiente e quisesse de verdade, alguém a socorreria. Ao espiar pelo longo buraco da chaminé, pediu a uma estrela no céu que algo ocorresse para mudar sua vida. A resposta surgiu quando uma pilha de folhas secas, carvão e pedriscos despencaram do filtro chaminé. Cinderela perdeu os sentidos na hora.

Quando despertou, Winifred e Della encontravam-se ao lado da cama, colocando compressas de água fria em sua testa. Jennifer confessou que ficara muito preocupada porque o acidente havia deixado a enteada inconsciente por vários dias. Cinderela percebeu ­através das lágrimas de Jennifer que esta dizia a verdade. Como as irmãs também tivessem permanec­ido com ela desde o instante do acidente, os sentimentos de abandono começaram a dissipar-se, e Cinderela conseguiu enxergá-las sob um novo pris­ma (na verdade, pareceram mais atraentes devido à visão ofuscada pelos olhos marejados de Cinderela). 

Tão logo voltou a enxergar melhor, Cinderela deu-se conta de que, até então, vinha bancando a vítima. Porém, agora tinha o poder de realizar mudanças positivas em sua vida. Como ainda faltass­em várias semanas para o baile, ela se lavou e pediu a Winifred e Della que a ajudassem a tratar dos cabelos.

Perdeu peso graças a exercícios e bebidas die­téticas recomendados na televisão por um famoso treinador de beisebol. Em pouco tempo, os elegan­tes vestidos voltaram a lhe servir. Para conseguir dinheiro a fim de comprar o ingresso do baile, Cinderela ofereceu-se para limpar a lareira da ma­drasta.

Enfim, a grande noite chegou. O palácio cintila­va e os sons de música e risos reverberavam pelo ar quando Cinderela parou à entrada do salão. Todos se viraram para admirar a linda Cinderela.
 
Assim que subiu os degraus, o salto do sapato se quebrou. No passado, Cinderela teria fugido de ver­gonha, mas a nova confiança interior fez com que ela jogasse os sapatos numa moita e entrasse no salão descalça. Diversas donzelas perguntaram-lhe acerca dos sapatos, e Cinderela, confiante, contou-lhes que pés descalços eram a última moda na Europa. Logo, no decorrer do baile, várias donzelas tiraram seus sapatos para não se mostrarem desatualizadas.

Do outro lado do salão, Cinderela avistou o prín­cipe. Ele era tudo o que desejava num homem: boni­to e rico o suficiente para sustentá-la com luxo pelo resto da vida, O príncipe atravessou o salão e convi­dou Cinderela para dançar. Quando ele reparou nos pés descalços, Cinderela riu e explicou-lhe que usa­va sapatos de cristal que não podiam ser vistos.

Enquanto dançavam, o príncipe descreveu seu vasto domínio e disse a ela que tinha muita sorte por dançar com alguém tão galante e abastado. Além disso, ele também conseguiu pisar nos dedos de Cinderela durante a valsa. No final, o príncipe declarou que, sendo ela a mais linda donzela do reino, ele lhe concedia a honra de ser sua esposa.

Cinderela notou que os anos de reinado haviam roubado a personalidade do príncipe. Dado o novo controle que tinha sobre a própria vida, ela impro­visou a história de que precisava chegar em casa à meia-noite e correu porta afora. O príncipe, então, conduziu uma exaustiva peregrinação pelo reino à procura da donzela de sapatos de cristal, mas to­dos pensaram que o pobre galã sofria de algum distúrbio mental.

Utilizando os próprios recursos e talentos, Cinderela logo abriu uma empresa de limpeza de chaminés, usando o slogan “Incineramos seus Pro­blemas!”. E, é claro, ela viveu feliz para sempre!

 

Lembre-se: fazer escolhas positivas quanto ao que você quer, sente e faz é essencial para a autoconfiança!

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

: Quem és?


Uma mulher que, enquanto agonizava, teve a impressão de que era levada ao céu e apresentada diante do Tribunal.
            _ Quem és tu? _ perguntou-lhe uma Voz.
            _ Sou a mulher do prefeito _ respondeu ela com orgulho.
            _ Perguntei-te quem és, não com quem te casaste.
            _ Sou mãe de quatro filhos.
            _ Perguntei-te quem és, não quantos filhos tens.
            _ Sou professora.
            _ Perguntei-te quem és, não qual a tua profissão.
            _ Sou boa cristã.
            _ Perguntei-te quem és, não qual a tua religião.
            _ Sou pessoa que rezava todos os dias e ajudava os pobres e necessitados.
            _ Perguntei-te quem és, não o que fazias.
            E assim sucessivamente. Dissesse o que dissesse, nunca a mulher respondia satisfatoriamente à pergunta “Quem és tu?” Como é evidente, não conseguiu passar no exame, porque foi enviada de novo à terra. Quando se recuperou de sua enfermidade, tomou a decisão de averiguar quem era. E tudo foi diferente.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Do bau de D. Carocha: A patinha meio feia

A Baixa Auto-Estima do Pato
(O Patinho Feio)

Após um longo período de incubação, Mamãe Pata levantou-se e cuidadosamente, examinou a nova ninhada. Encheu-se de orgulho quando seu olhar afetuoso mirou três lindas filhas e três filhos com a bela aparência do pai.

Então, de repente, Mamãe Pata avistou um ovo enorme e cinzento nas proximidades e concluiu que este havia rolado do ninho. Ela sabia que, às vezes, certos ovos podiam surgir um tanto diferentes. Rapidamente, Mamãe Pata sentou-se sobre o ovo e ensinou aos novos patinhos a arte de bambolear. Por sorte, todos os filhotes possuíam nadadeiras invertidas. Portanto, não haveria necessidade de sapatos ortopédicos.

Três dias depois, o ovo cinzento se quebrou e uma bola de penas emergiu. Mamãe Pata batizou a tímida criatura de Samanta, mas, ao que tudo indicava todos preferiam se referir a ela como “o patinho feio”.

Samanta era tímida e reservada. Fazia o possível para não chamar a atenção. Ela tremia quando um dos irmãos a chamava de “Patinho Feio” diante de vizinhos. Mamãe Pata tentou proteger Samanta, mas foi em vão, já que a patinha escutara a mãe dizer a uma amiga que a filha causava mais vergonha à família que o tio Phil, o qual certa vez apaixonara-se por um pato de madeira.

Quando tornou-se adolescente, Samanta alimentou uma paixão platônica por um pato muito famoso chamado Francisco Selvagem. Contudo, ele nem sequer sabia da existência de Samanta. Não era surpresa, já que Samanta misturava-se à multidão para não ser notada. Ela sempre baixava a cabeça e os ombros para disfarçar o longo pescoço. Francisco talvez fosse o único a compreender a infância traumática de Samanta, porque havia enfrentado situações horríveis ante os outros patos, que zombavam de seu nome.

No entanto, Francisco aprendera a não levar para o lado pessoal tais comentários e até ria com os amigos, o que o fortalecera interiormente.
Infelizmente, Francisco partiu na temporada de caça. Seus amigos avistaram o caçador e tentaram avisar Francisco, mas na comunidade dos patos, quando alguém grita “Pato!”, ninguém presta muita atenção.
Desolada, Samanta decidiu abandonar o riacho e estabelecer-se por si só. À medida que se distanciava de casa, continuava a pensar nos comentários negativos acerca de sua aparência.

Durante a jornada, Samanta encontrou um bando de gansos. Um dos mais elegantes, Liv R. Paté, disse a ela que o bando estava migrando para o sul da França e que Samanta era bem-vinda para juntar a eles. Em resposta, Samanta lamuriou-se, dizendo que era feia demais e que não desejava a piedade dos gansos. Liv R. Paté, cansado de escutar tantos choramingos alçou vôo e desapareceu.

Quando o inverno se aproximou, Samanta, por instinto, rumou para o sul. No caminho, divisou as águas cristalinas do Lago dos Cisnes e parou para apreciar a paisagem. Ficou atônita ao encontrar as aves mais lindas e graciosas que já vira. A curiosidade sobrepujou o medo e ela nadou até os sete cisnes que boiavam na superfície do lago. Eles riram quando Samanta desculpou-se pela própria aparência.

Todavia, quando baixou a cabeça e os ombros, como sempre fazia, ela viu, pela primeira vez, sua própria imagem refletida na superfície cristalina do lago. Endireitou os ombros e ergueu a cabeça, admirando o elegante pescoço. Infelizmente, os anos de comentários negativos advindos da família e a fantasia do pato ideal eram tão intensos que Samanta ainda se via como “o patinho feio”.

Os cisnes persuadiram Samanta a ficar com eles. Através de um lento processo de amor e encorajamento, eles conseguiram mostrar a Samanta que, além de ser um lindo cisne por fora, ela também era encantadora por dentro.

Com o tempo, a precária auto-imagem de Samanta mudou e ela adquiriu autoconfiança e auto-estima. Passou a cultivar muitos interesses e aprendeu a cantar. Ofereceu-se como voluntária para ajudar cisnes menos privilegiados, que possuíam problemas semelhantes aos dela.

Mais tarde, Samanta casou-se e formou uma família de cisnes, os quais ela alimentou e amou. Teve seis filhas e um filho, que, acidentalmente, inventou o primeiro alimento congelado do mundo.

Lembre-se: transformar os pensamentos negativos em verdades positivas promove satisfação pessoal!

Fonte: Contos de Fadas para Adultos
             Sue e Allen Gallehugh


 

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Do baú de D. Carochinha: O terceiro porquinho

O Terceiro Porquinho

(Os Três Porquinhos)

Bolão, o terceiro membro da família dos Três Porquinhos, era um empreiteiro que vivia no pe­queno povoado Vale Suíno. 

Naturalmente, ele cons­truiu para si uma casa toda de tijolos. Mas, ao sa­ber do vandalismo cometido na casa de seu irmão Bolinha e do subseqüente assassinato deste, Bolão ficou apavorado.

Na verdade, estava tão petrifica­do de medo que não conseguiu atravessar o povoa­do para prevenir seu outro irmão, Bolota.

Bolão, então, tapou as lindas janelas de sua resi­dência com tijolos, lacrou a porta com tábuas espes­sas e acocorou-se num canto da sala. Os “porcos” do departamento de polícia (um termo carinhoso no Vale Suíno) telefonaram pouco tempo depois para informar que 

Bolota também fora assassinado e soterrado em plena luz do dia. Todas as evidên­cias indicavam que os dois irmãos haviam sido mortos da mesma maneira. Ao desligar o telefone, Bolão escutou a voz mais atemorizante do mundo:
— Abra esta porta, senão vou bufar, soprar, e sua casa irá voar!

Era o terrível Lobo Mau, bradando sua ameaça para, sistematicamente, aniquilar a família dos Três Porquinhos. Petrificado demais para enfrentar o lobo, Bolão permaneceu em silêncio e esperou. Acredita­va que, se não reagisse, ninguém poderia feri-lo. O Lobo Mau fora embora mas poderia voltar.

Os amigos de Bolão, o porquinho que ia ao mer­cado e o porquinho que comia rosbife, foram visita-­lo. Bolão mal conseguia escutá-los através das gros­sas paredes e pediu-lhes que fossem embora e o dei­xassem sozinho. Imaginou que a repentina visita pudesse ser o lobo disfarçando a voz para enganá-­lo! Nem os doces apelos de sua noiva, Francisca Leitão, conseguiram convencê-lo a sair. E as tenta­tivas persistentes das Bandeirantes, sempre dispos­tas a praticar boas ações, foram em vão.

As vozes foram rareando à medida que a pare­de tomava-se mais grossa, permitindo que Bolão ga­rantisse a própria segurança por algum tempo. Mas, conforme os meses passavam, ele começou a se sen­tir profundamente sozinho e cada vez mais isolado do povoado e de si mesmo. Houvera uma época em que Bolão se orgulhava da própria aparência. Cos­tumava usar um bastonete de ferro para enrolar a cauda e tomá-la perfeita. Mas desde o incidente com o Lobo Mau, Bolão tornara-se depressivo e, lentamente, passara a descuidar de si mesmo. Antes, con­siderava a frase “sujo como um porco” hilariante, mas agora parecia-lhe verdadeira.

Após muitos meses, ele acordou numa manhã e descobriu que aquela fortaleza de tijolos havia se tornado uma prisão. Reconheceu que a solidão transformara-se em algo pior que o pavor de en­frentar o lobo. Bolão pegou sua picareta e começou a demolir a prisão, tijolo por tijolo.

Do lado de fora, o povoado comemorou. Os ami­gos de Bolão deram-lhe as boas-vindas e contaram que o Lobo Mau havia morrido meses atrás de triquinose, devido à ingestão de um porco mal-as­sado. Então, convidaram Bolão para ingressar no grupo de vigilantes do povoado, que vinha ajudan­do a espantar os predadores e prevenir que o medo dominasse os habitantes.

Certa noite, várias semanas depois, enquanto Bolão recebia amigos na varanda de sua nova resi­dência à beira da Baía dos Porcos, escutaram uma batida à porta, seguida do tão familiar e estrondo­so sopro. Bolão e os amigos armaram-se e dirigiram-se à porta para confrontar o medo. Quando a abriram, encontraram a filha do Lobo Mau, Virgínia.

Sabendo que os assustara, ela desculpou-se e dis­se-lhes que era vítima de constantes crises de asma. Os porcos a convidaram para entrar e descobriram que ela era uma vegetariana convicta.
Afinal, quem tem medo de Virgínia Wolf?

Lembre-se: enfrentar seus medos é um grande passo em direção ao amor-próprio!



Fonte: Contos de Fadas para Adultos
             Sue e Allen Gallehugh

O Baú de D. Carocha



O que há por trás de uma história?

Aprender a amar a si mesmo é o fundamento de todo amadurecimento mental, espiritual, físico e so­cial. Não se trata de um amor narcisista, mas sim de apreciar a personalidade única, os talentos e perspectivas que todos nós possuímos. 
As pessoas que se amam sentem-se seguras em relação às pró­prias crenças e estão dispostas a assumir responsabilidades por suas ações. Amar a si mesmo envolve examinar os pontos negativos e descobrir que é pos­sível fazer escolhas positivas acerca do que se pen­sa, do que se sente e de como agir.
Lembre-se: dê um passo de cada vez em dire­ção a seu objetivo e rodeie-se de pessoas positivas e afetuosas, que gostem de você e o incentivem!

Pessoas que amam a si mesmas tentam:
  •   Manter a paz interior
  •   Dizer “não” quando necessário e perdoar quando é preciso
  •   Expressar emoções sem deixar que estas as controlem
  •   Sempre ter um objetivo de vida
  •   Correr pequenos riscos mesmo quando têm medo
  •   Dar conselhos, sempre perguntando: “O que você vai fazer a respeito disso?”
  •   Praticar técnicas positivas e saudáveis para permitir que os outros assumam   responsabilidades
  •   Fazer escolhas positivas concentrando-se em suas qualidades e pontos fortes, não em suas fraquezas.
  •   Ser flexíveis
  •   Enfrentar os problemas diretamente ao invés de evitá-los ou se desviar deles
  •   Ter objetivos de longo e curto prazo
  •   Permanecer em contato com pessoas mental­mente saudáveis

Pessoas que não amam a si mesmas:
  •   “Empacam” para que os outros tomem de­cisões por elas
  •   Dizem “sim” para agradar os outros, quan­do na verdade gostariam de dizer “não”
  •   Suprimem a raiva ou a demonstram de for­ma inadequada
  •   Permitem que outros as manipulem através da culpa
  •   Isolam-se
  •   Apegam-se a aspectos exteriores como apa­rência, ocupação ou status social para   se  sen­tir bem consigo mesmas.
  •   Não vêem escolha em relação ao que pen­sam, sentem e fazem.
  •   Tendem a culpar em vez de dizer: “Todos co­metem erros. O que podemos aprender com eles?”
  •   Acham que a vida deveria ser sempre justa
  •   Têm reações fortes e muitas vezes se sentem vítimas
  •   Levam tudo para o lado pessoal.

Para demonstrar mais claramente como reconhe­cer esses comportamentos derrotistas e transformá-­los em ações de auto-estima, empreguemos o recurso da alegoria, fazendo uma analogia entre histórias infantis e o ser adulto.


Fonte: Contos de Fadas para Adultos
             Sue e Allen Gallehugh
             2003 – Editora Best Seller


Do baú de D. Carocha: Caridade


Um jornalista que visitava um hospital e, ao ver a solicitude e carinho com que uma irmã religiosa limpava as purulentas feridas de um pobre vagabundo, disse com um lenço no nariz para suportar o odor:
_ Irmã, eu não faria isso nem por um milhão de reais.
A irmã levantou os olhos doces e tranqüilos para o jornalista e lhe disse:
_ Eu também não o faria por um milhão de reais. Faço-o por amor a Deus e por amor a este meu irmão doente.
(Dizem que isso se deu com a Madre Tereza de Calcutá)

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Do baú de D.Carocha: Um amor verdadeiro




Um casal de jovens muito bonitos estavam muito apaixonados e iam se casar. Alguns meses antes da cerimônia, a noiva sofreu um acidente e ficou com o rosto queimado e desfigurado.
_ Não posso me casar com você _ ela comunicou numa carta ao noivo. _ Fiquei marcada e feia. Procure outra jovem bonita como você merece. Eu não sou digna de você.
Poucos dias depois, a moça recebeu a seguinte carta do noivo: “O verdadeiramente indigno sou eu. Sinto muito ter de informar a você que adoeci dos olhos, estou perdendo rapidamente a visão e ficarei inevitavelmente cego. Se ainda assim você está disposta a aceitar-me, eu continuo desejando ardentemente me casar com você...”
Quando se casaram, o noivo já se encontrava completamente cego.
Viveram 20 anos de compreensão, felicidade e amor. Ela foi seu guia, transformou-se em seus olhos, em sua luz. O amor foi guiando-o por esse túnel de trevas.
Quando agonizava, ela só lamentava deixá-lo sozinho em sua interminável noite de trevas.
Morreu e então ele abriu os próprios olhos.
_ Eu não estava cego _ disse diante do assombro de todos. _ Fingi sê-lo para que minha mulher não se afligisse ao pensar que podia vê-la com o rosto desfigurado.

(desconheço o autor)

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