As sibilas eram profetisas com vários altares no mundo grego e romano. Em estado de
transe, elas emitiam sons inarticulados “traduzidos” a seguir pelos sacerdotes
em profecias.
Para os romanos, a mais famosa dentre as profetisas foi a
Sibila de Cumas, que habitava uma caverna perto de Nápoles. Famosa por sua
astúcia, ela no entanto, falhou consigo mesma.
Em
Cumas é que Apolo, o deus das profecias, a procura, a encontra, não esconde a
admiração e a deseja.
Ela então, aproveitando do desejo do deus, escolhe ser a sumo-sacerdotisa não a amante do
deus e pede a ele um dom: diante do deus ela toma, no côvado das mãos, toda a
areia de praia que pode segurar e diz querer viver tantos anos quantos grãos de
areia houver ali.
O deus não
discute: será muito bom para ele tê-la por mais tempo, cuidando de seus templos.
O deus lhe concede
a medida mais longeva da vida humana, isto é, lhe concede 990 anos de vida.
Este número representa o símbolo de uma longevidade mítica.
Mas a
Sibila esquecera um detalhe: Sibila não pede a permanência da juventude e então
ela encolhe, emurchece, transforma a pele num pregueado de lama esturricada, uma
velha decrépita.
Somente os olhos e a voz permanecem potentes.
Conta-se que, para que o vento não a carregue e os
animais domésticos não a devorem, ela é posta dentro de uma gaiola, transformada
numa cigarra que venceu o tempo e que continua, com seus olhos e voz potente a
antecipar as sina, mas todos, em volta, morrem.
Só a Sibila de
Cumas não morre. Cem anos, trezentos anos, oitocentos anos, até a dor já passou
além da dor, e a Sibila de Cumas não morre.
Conta
Ovídio que, nas noites quentes da Campânia, as crianças ouviam a voz potente
lamentar sua longa e velha vida.
E as crianças, em
algazarra, perguntavam: Sibila, o que anseias? E, em meio aos mais pungentes lamentos,
a voz sussurrava:
- Ah, eu, anseio
morrer.
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