CRÍTICA E ELOGIO
Durante um reinado da Dinastia Tang, na China, um
dos ministros comentou com o imperador:
— Algumas pessoas estão difamando Vossa Majestade.
O imperador respondeu:
— Como soberano, se acaso me cabe alguma virtude, não
posso ter medo de ser difamado pelas pessoas. O que mais devo temer é ser
elogiado sem ter nenhuma virtude.
NÃO OUSO DIZER
Pai-chang (720-814. d.
C.) certa vez questionou a Nan-chuan (748-834. d.C.):
- Há alguma verdade que
nenhum sábio como vós jamais ousou dizer até hoje?
- Sim,- respondeu
Nan-chuan.
O outro continuou:
- E qual é, então, esta coisa
sobre a qual não falais?
Respondeu o mestre:
- Não é nem Mente, nem
Buddha, nem Matéria.
A VACA ZEN
Shih-kung, um dia,
trabalhava na cozinha quando Ma-tsu aproximou-se e perguntou o que fazia.
- Estou cuidando da Vaca
- disse o outro, enquanto lavava os pratos.
- Como cuidais da vaca?
- desejou saber o mestre.
- Se ela se afasta da
Senda, eu puxo-a de volta pelo focinho. Não posso me distrair nem um minuto!
Comentou Ma-tsu:
- Sabeis realmente
cuidar dela.
A VELHA E O BUDDHA
Havia uma velha mulher que vivia no
lado leste da cidade em que também morava o Buddha.
Ela nascera quando tinha
nascido Gautama, e tinha vivido toda sua vida acompanhando a estória de Sua
vida, uma vez que era sua contemporânea.
Entretanto, ela nunca quis vê-lo, ou
falar com ele. Sempre que ouvia que Buddha se aproximava, ela fugia de sua presença,
tentando por todos os modos evitar-lhe o olhar, correndo para aqui e para ali,
escondendo-se.
Mas certo dia, ela estava em um local
de onde não podia sair ou se esconder.
Buddha se aproximava, e a velha mulher,
desesperada em seu terror de encontrar tal homem, já não sabia o que fazer.
Então, no último momento, ela fez a única coisa possível para evitar ver o
Buddha: ergueu ambas as mãos à frente de seu rosto, tapando assim sua visão.
Neste momento, maravilhosamente, o rosto de Buddha apareceu entre cada um de
seus dez dedos.
MENTE E NÃO-MENTE
Um monge perguntou a Ta-chu:
- São as palavras a Mente?
- São as palavras a Mente?
- Não, as palavras são condições externas. Elas não são a Mente,- disse o
mestre.
- Então onde, fora das condições externas, podemos encontrar a Mente?
-Não há Mente além das palavras, - declarou o sábio.
-Não havendo Mente independente das palavras, o que é afinal a Mente? -
perguntou o monge, confuso.
- A Mente é sem forma e sem imagens. Em verdade, ela nem depende nem é
independente das palavras. É eternamente serena e livre em seu movimento.
NÃO TENHO NADA
Um jovem monge
aproximou-se de Chao-chou muito orgulhoso e eufórico, e disse:
- Me desfiz de tudo o
que tinha! Minhas mãos estão vazias e vim à vós com o coração sereno!
- Então resta apenas
desfazeres-te disso, e chegarás ao Zen. - Afirmou o mestre.
- Mas, - replicou o
monge, - não tenho mais nada. Do que mais posso me desfazer?
- Tudo bem, - comentou o sábio, - se tu queres
manter o Nada que ainda carregas, fique com ele...
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