quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

DIVERSOS




CRÍTICA E ELOGIO

Durante um reinado da Dinastia Tang, na China, um dos ministros comentou com o imperador:
— Algumas pessoas estão difamando Vossa Majestade.
O imperador respondeu:
— Como soberano, se acaso me cabe alguma virtude, não posso ter medo de ser difamado pelas pessoas. O que mais devo temer é ser elogiado sem ter nenhuma virtude.



NÃO OUSO DIZER

Pai-chang (720-814. d. C.) certa vez questionou a Nan-chuan (748-834. d.C.):
- Há alguma verdade que nenhum sábio como vós jamais ousou dizer até hoje?
- Sim,- respondeu Nan-chuan.
O outro continuou:
- E qual é, então, esta coisa sobre a qual não falais?
Respondeu o mestre:
- Não é nem Mente, nem Buddha, nem Matéria. 


A VACA ZEN

Shih-kung, um dia, trabalhava na cozinha quando Ma-tsu aproximou-se e perguntou o que fazia.
- Estou cuidando da Vaca - disse o outro, enquanto lavava os pratos.
- Como cuidais da vaca? - desejou saber o mestre.
- Se ela se afasta da Senda, eu puxo-a de volta pelo focinho. Não posso me distrair nem um minuto!
Comentou Ma-tsu:
- Sabeis realmente cuidar dela.
  

A  VELHA E O BUDDHA
Havia uma velha mulher que vivia no lado leste da cidade em que também morava o Buddha. 
Ela nascera quando tinha nascido Gautama, e tinha vivido toda sua vida acompanhando a estória de Sua vida, uma vez que era sua contemporânea.
 Entretanto, ela nunca quis vê-lo, ou falar com ele. Sempre que ouvia que Buddha se aproximava, ela fugia de sua presença, tentando por todos os modos evitar-lhe o olhar, correndo para aqui e para ali, escondendo-se.
Mas certo dia, ela estava em um local de onde não podia sair ou se esconder.
 Buddha se aproximava, e a velha mulher, desesperada em seu terror de encontrar tal homem, já não sabia o que fazer. 
Então, no último momento, ela fez a única coisa possível para evitar ver o Buddha: ergueu ambas as mãos à frente de seu rosto, tapando assim sua visão.
 Neste momento, maravilhosamente, o rosto de Buddha apareceu entre cada um de seus dez dedos.


 MENTE E NÃO-MENTE 

Um monge perguntou a Ta-chu:
- São as palavras a Mente?

- Não, as palavras são condições externas. Elas não são a Mente,- disse o mestre.

- Então onde, fora das condições externas, podemos encontrar a Mente?

-Não há Mente além das palavras, - declarou o sábio.

-Não havendo Mente independente das palavras, o que é afinal a Mente? - perguntou o monge, confuso.

- A Mente é sem forma e sem imagens. Em verdade, ela nem depende nem é independente das palavras. É eternamente serena e livre em seu movimento.


 NÃO TENHO NADA

Um jovem monge aproximou-se de Chao-chou muito orgulhoso e eufórico, e disse:
- Me desfiz de tudo o que tinha! Minhas mãos estão vazias e vim à vós com o coração sereno!
- Então resta apenas desfazeres-te disso, e chegarás ao Zen. - Afirmou o mestre.
- Mas, - replicou o monge, - não tenho mais nada. Do que mais posso me desfazer?
 - Tudo bem, - comentou o sábio, - se tu queres manter o Nada que ainda carregas, fique com ele...






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