Todos os corredores já estavam
prontos para a partida. Só esperavam com os músculos tensos para o apito
inicial. Cada um deles pensava em ganhar a corrida ou, se não fosse possível,
ficar entre os primeiros. Os pais observavam e animavam os filhos, e cada filho
esperava poder mostrar aos pais que ele seria o ganhador.
Soou por fim o apito e os
corredores largaram com o coração agitado e as esperanças ardendo. Ganhar e ser
herói naquela manhã era o desejo de cada jovem.
Um menino destacou-se do pelotão
e tomou a dianteira. Saber que seu pai estava ali, observando-o, punha asas em
seus pés. Ganharia e seu pai ficaria orgulhoso dele.
Não viu uma raiz levantada,
tropeçou, e o menino que era o primeiro na corrida caiu de bruços em meio às
risadas da multidão. Com ele, caíram também suas esperanças. Já não seria o
ganhador. Triste e envergonhado, só pensava em desaparecer.
Então viu o rosto carinhoso e
radiante do pai animando-o a continuar. Se ele ainda acreditava que ele pudesse
ganhar, se superaria e faria um esforço extraordinário e conseguiria a vitória.
Estava já recuperando alguns
postos, podia ver os meninos da frente,
mas sua mente correu com mais velocidade do que as pernas e ele resvalou e
voltou a cair. Desejou ter-se retirado antes, quando caiu pela primeira vez.
Agora, a humilhação e a vergonha eram maiores. Perdera a corrida e estava
perdido como corredor. Mas entre a multidão que ria, procurou e encontrou o
rosto do pai e seu olhar penetrante lhe dizia com esperança e com carinho:
“Concentre-se e ganhe a corrida”.
O menino levantou-se de um salto
e tentou de novo. Os primeiros corredores tinham sobre ele uma vantagem de mais
de trinta metros. Com um esforço
inaudito, conseguiu encurtar a distância, mas, uma vez mais, escorregou e caiu
definitivamente derrotado no chão.
Não tinha sentido continuar
tentando ganhar a corrida. Uma lágrima de raiva e irritação rolou de seus
olhos. Ele se retiraria e enfrentaria dolorosamente a desilusão do pai e as
vaias da multidão.
Então escutou a voz decidida de
seu pai: “Levante-se e tome o seu lugar: Você não pode nem deve retirar-se.
Levante-se e ganhe a corrida. Você ainda não perdeu. Para ganhar, você só
precisa levantar-se cada vez que cair”.
O menino levantou-se e começou a
correr com todas as suas forças. Tinha os olhos embargados e em seu coração
repicava um novo ânimo. Sabia que não poderia ganhar; nem mesmo chegaria entre
os primeiros, mas continuaria até o final mesmo que caísse de novo. Não se retiraria.
O ganhador foi aclamado quando
cruzou a linha de chegada. A cabeça erguida, orgulhoso, feliz; sem cair, sem
percalços, sem desventuras. Triunfante.
E quando o jovem que caíra cruzou
a linha de chegada em último lugar, foi o mais aclamado pela multidão por não
render-se e terminar a corrida. Quase parecia que fora ele quem ganhara a
corrida. Esperavam-no os braços satisfeitos do pai, que o receberam como a um
campeão.
_ Não me saí muito bem _ disse o
jovem com tristeza.
_ Para mim, você ganhou _ disse-lhe
o pai.
_Você se levantou sempre que caiu
e continuou a correr sem render-se.
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