segunda-feira, 30 de abril de 2018

A ESCOLHA; A CERTEZA E A DUVIDA



Buda estava reunido com seus discípulos certa manhã, quando um homem se aproximou: 
 - Existe Deus?- perguntou.  
- Existe - respondeu Buda. 

 Depois do almoço aproximou-se outro homem. 
 - Existe Deus? - quis saber. - Não, não existe - disse Buda. 

No final da tarde, um terceiro homem fez a mesma pergunta: - Existe Deus?  
- Você terá que decidir - respondeu Buda. 

 Assim que o homem foi embora, um discípulo comentou revoltado: - Mestre, que absurdo! Como o Senhor dá respostas diferentes para a mesma pergunta?
 - Porque são pessoas diferentes, e cada uma chegará a Deus por seu próprio caminho. 
O primeiro acreditará em minha palavra.
O segundo fará tudo para provar que eu estou errado. 
E o terceiro só acredita naquilo que é capaz de escolher por si mesmo. 



domingo, 29 de abril de 2018

PORTA SECRETA




"Numa terra em guerra, havia um rei que causava espanto. Cada vez que
fazia prisioneiros, não os matava, levava-os a uma sala, que tinha um grupo de arqueiros em um canto e uma imensa porta de ferro do outro, a qual haviam gravadas figuras de caveiras.

Nesta sala ele os fazia ficar em círculo, e então dizia:

- vocês podem escolher morrer flechados por meus arqueiros, ou passarem por aquela porta e por mim lá serem trancados. 
Todos os que por ali passaram, escolhiam serem mortos pelos arqueiros.

Ao término da guerra, um soldado que por muito tempo servira o rei, disse-lhe:

Senhor, posso lhe fazer uma pergunta?

- Diga, soldado. - O que havia por trás da assustadora porta? - Vá e veja.

O soldado então a abre vagarosamente, e percebe que a medida que o faz, raios de sol vão adentrando e clareando o ambiente, ate que totalmente aberta, nota que a porta levava a um caminho que sairia rumo a liberdade. O soldado admirado apenas olha seu rei que diz:

Eu dava a eles a escolha, mas preferiram morrer a arriscar abrir esta porta.
Quantas portas deixamos de abrir pelo medo de arriscar? Quantas vezes perdemos a liberdade, apenas por sentirmos medo de abrir a porta de nossos sonhos?"

(Autor desconhecido)





quinta-feira, 26 de abril de 2018

DUAS RAPOSAS




O estudante de artes marciais aproximou-se do professor:

 — Gostaria muito de ser um grande lutador de aikidô – disse. — Mas penso que devia também me dedicar ao judô, de modo a conhecer muitos estilos de luta; só assim poderei ser o melhor de todos.

 — Se um homem vai para o campo, e começa a correr atrás de duas raposas ao mesmo tempo, vai chegar um momento em que cada uma correrá para um lado, e ele ficará indeciso sobre qual deve continuar perseguindo. 

Enquanto decide, ambas já estarão longe, e ele terá perdido seu tempo e sua energia. 

“Quem deseja ser um mestre, tem que escolher apenas UMA coisa para aperfeiçoar-se. O resto é filosofia barata”.



sexta-feira, 20 de abril de 2018

O PEQUENO GRANDE BEM





Zizhang procurou Confúcio por toda a China.

O país vivia um momento de grande convulsão social, e ele temia derramamento de sangue. 

Encontrou o mestre junto de uma figueira, meditando.
- Mestre, precisamos urgente de sua presença no governo - disse Zizhang.
 - Estamos à beira do caos.

 Confúcio continuou meditando.

 - Mestre, ensinaste que não podemos nos omitir - continuou Zizhang.
 - Disseste que somos responsáveis pelo mundo.

 - Estou rezando pelo país, - respondeu Confúcio. 
Depois irei ajudar um homem na esquina. 

Fazendo o que está ao nosso alcance, beneficiamos a todos. 
Tentando apenas ter idéias para salvar o mundo, não ajudamos nem a nós mesmos. 



terça-feira, 17 de abril de 2018

A FORMIGA DESMOTIVADA




 Todos os dias, uma formiga chegava cedinho ao escritório e pegava duro no trabalho. A formiga era produtiva e feliz.

 O gerente marimbondo estranhou a formiga trabalhar sem supervisão. Se ela era produtiva sem supervisão, seria ainda mais se fosse supervisionada. E colocou uma barata, que preparava belíssimos relatórios e tinha muita experiência, como supervisora.

A primeira preocupação da barata foi a de padronizar o horário de entrada e saída da formiga. Logo, a barata precisou de uma secretária para ajudar a preparar os relatórios e contratou também uma aranha para organizar os arquivos e controlar as ligações telefônicas.

 O marimbondo ficou encantado com os relatórios da barata e pediu também gráficos com indicadores e análise das tendências que eram mostradas em reuniões. A barata, então, contratou uma mosca, e comprou um computador com impressora colorida. Logo, a formiga produtiva e feliz, começou a se lamentar de toda aquela movimentação de papéis e reuniões!

O marimbondo concluiu que era o momento de criar a função de gestor para a área onde a formiga produtiva e feliz, trabalhava. O cargo foi dado a uma cigarra, que mandou colocar carpete no seu escritório e comprar uma cadeira especial. 

A nova gestora cigarra logo precisou de um computador e de uma assistente a pulga (sua assistente na empresa anterior) para ajudá-la a preparar um plano estratégico de melhorias e um controle do orçamento para a área onde trabalhava a formiga, que já não cantarolava mais e cada dia se tornava mais chateada.

 A cigarra, então, convenceu o gerente marimbondo, que era preciso fazer uma pesquisa de clima. Mas, o marimbondo, ao rever as finanças, se deu conta de que a unidade na qual a formiga trabalhava já não rendia como antes e contratou a coruja, uma prestigiada consultora, muito famosa, para que fizesse um diagnóstico da situação.

A coruja permaneceu três meses nos escritórios e emitiu um volumoso relatório, com vários volumes que concluía: 

Há muita gente nesta empresa!

 E adivinha quem o marimbondo mandou demitir?

 A formiga, claro, porque ela andava muito desmotivada e aborrecida.



segunda-feira, 16 de abril de 2018

FALSAS CRENÇAS





Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada.

 Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. 

Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.

 Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. 

Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.

 Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos.

 Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto.

 Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas.

 Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém.

 Autor: John Lennon



sábado, 14 de abril de 2018

CIDADE DAS ILUSÕES





     Um grupo de viajantes, tendo ouvido falar de uma cidade cheia de tesouros, parte para enfrentar uma difícil jornada. Para chegar à cidade, teriam que percorrer uma estrada extremamente longa que atravessava desertos, florestas e terras perigosas. Nenhum trecho dessa estrada era seguro e os viajantes teriam de ter muita coragem e persistência para atingir sua meta.

     Haviam completado mais da metade da jornada e acabado de sair de uma densa floresta, quando o guia que os conduzia, que conhecia bem o caminho, avisou que logo iriam se aventurar por um deserto.

     O sol escaldante e as fortes tempestades de areia provaram ser demais para eles. Os viajantes estavam tão cansados que começaram a perder a coragem e a querer desistir dos tesouros em troca da segurança de seus lares que haviam deixado para trás. O guia, contudo, estava determinado a levar todos, não importando como. Ele usou, então, seus poderes místicos, fazendo surgir uma cidade monumental no meio do deserto.

     Instantaneamente, os viajantes tiveram uma visão fantástica. Apareceu 'do nada' um lindo oásis repleto de árvores, por entre as quais viram uma cidade. Imediatamente, correram até lá com grande alegria. Todo o cansaço, todas as dores e todo o desânimo desapareceram em um instante, para dar lugar ao otimismo, à alegria e à esperança. Eles se banharam, saborearam comidas deliciosas e dormiram tranqüilamente. Em suas conversas, nem cogitavam a idéia de desistir da jornada e de retornar aos seus lares.

    Na manhã seguinte, logo que despertaram, ficaram estarrecidos ao ouvir o guia lhes dizer que tinham de deixar aquele lugar maravilhoso e seguir viagem.

     — Mas, este é exatamente o paraíso que procurávamos por tanto tempo! — exclamou um deles.

     Não. — respondeu o guia — Os senhores nem sequer alcançaram o primeiro terço da jornada. Este é somente um ponto de descanso, um lugar para se refrescarem.

Acreditem! O destino final é muito mais belo do que esta cidade e não está tão longe. Agora que tivemos tempo para descansar e relaxar, teremos que continuar nossa peregrinação.

     Dito isso, a cidade desapareceu na areia.




COMO SAIR DA RODA DE SAMSARA





O monge perguntou ao Mestre:

Como posso sair do Samsara (a Roda de renascimentos e mortes)?”

O Mestre respondeu:

Quem te colocou nele?



sexta-feira, 13 de abril de 2018

ÁGUIA ACOMODADA




Um rei recebeu como obséquio dois filhotes de aves de caça e os entregou ao mestre da “cetreria” para que os treinasse para a próxima temporada de caça, entretenimento dos nobres da época, enquanto esperavam por alguma guerra.
Passados alguns meses, o instrutor comunicou ao rei que uma das aves já estava com toda sua performance de caça pronta para ser testada, mas que a outra ave não tinha se movido do seu galho desde que tinha chegado ao palácio, a tal ponto de que tinham que lhe alcançar a comida, para que não morresse de fome.
O rei, um sujeito muito hábil, mandou chamar curandeiros e até senadores para que verificassem qual o problema com a ave, mas de nada adiantou, ela não saía do lugar…
Pelas janelas dos seus aposentos o monarca podia ver o pássaro imóvel no galho, e mesmo que sua pose fosse autêntica e seu corpo delineado, faltava-lhe a qualidade principal que era voar.
Publicou por fim um anúncio entre seus súditos procurando alguém que ensinasse o pássaro a voar. Na manhã seguinte, viu a ave voando agilmente pelos jardins!
– Traga-me o autor desse milagre! Quero recompensá-lo e aprender sua técnica mágica – disse o rei.
Quando o sujeito é apresentado, o rei lhe pergunta:
– Como conseguiste? Tu és mágico, por acaso?
E o homem respondeu:
– Não alteza, apenas observei que se cortasse o galho onde a ave se agarrava, ela iria precisar de algo mais, e isso eram suas asas…




segunda-feira, 9 de abril de 2018

QUANTO TEMPO PARA SE ILUMINAR?




Um discípulo foi ao seu mestre e disse fervorosamente:

 “Eu estou ansioso para entender seus ensinamentos e atingir a iluminação! Quanto tempo vai demorar para eu obter este prêmio e dominar este conhecimento?

” A resposta do mestre foi casual: “Uns dez anos...”

Impacientemente, o estudante completou: 

“Mas eu quero entender todos os segredos mais rápido do que isto! Vou trabalhar duro! Vou praticar todo o dia, estudar e decorar todos os sutras, farei isso dez ou mais horas por dia!! Neste caso, em quanto tempo chegarei ao objetivo?” 

O mestre pensou um pouco e disse suavemente: “Vinte anos.”


 Significado: a pessoa ansiosa, tensa vai perder mais tempo, o rio não se apressa. 


sexta-feira, 6 de abril de 2018

INVEJA






Na China antiga, um eremita meio mágico vivia numa montanha profunda. 

Um belo dia, um velho amigo foi visitá-lo. 

Senrin, muito feliz por recebê-lo, ofereceu-lhe um jantar e um abrigo para a noite; na manha seguinte, antes da partida do amigo, quis ofertar-lhe um presente. 

Tomou de uma pedra e, com o dedo, converteu-a num bloco de ouro puro. 

O amigo não ficou satisfeito; Senrin apontou o dedo para uma rocha enorme, que também se transformou em ouro. 

O amigo, porém, continuava sem sorrir.

- Que queres, então? - indagou Senrin. 

Respondeu-lhe o amigo:

 - Corta esse dedo, eu o quero.



terça-feira, 3 de abril de 2018

INVOCANDO BUDA




Certa mulher invocava centenas de vezes por dia o nome de Buda, sem jamais entender a essência de seus ensinamentos.

Depois de dez anos, tudo que conseguiu foi aumentar sua amargura e desespero, acreditando que não era ouvida.

 Um monge budista percebeu o que estava acontecendo, e certa tarde foi até a sua casa: - Sra. Chang, abra a porta!

 A mulher irritou-se, e fez soar um sino, sinal de que estava rezando e não queria ser perturbada. 

Mas o monge insistiu várias vezes: - Sra Chang, precisamos conversar! Venha até aqui fora um minutinho! 

Furiosa, ela abriu a porta com violência: - Que tipo de monge é você, que não percebe que estou rezando? 

- Eu chamei-a apenas quatro vezes, e veja como a senhora ficou zangada. Imagine o que Buda deve estar sentindo, depois de ser chamado durante dez anos! 

E concluiu: - Quando chamamos com a boca, mas não sentimos com o coração, nada acontecerá. 

Mude sua maneira de invocar Buda; entenda o que ele disse, e não precisará de mais nada.




domingo, 1 de abril de 2018

O MESTRE E O ARQUEIRO







Após ganhar vários torneios de arco e flecha, o jovem e arrogante campeão resolveu desafiar um Mestre Zen que era renomado pela sua capacidade como arqueiro.

O jovem demonstrou grande proficiência técnica quando acertou em um distante alvo logo na primeira flecha lançada, e ainda foi capaz de dividi-la em dois com seu segundo tiro.

- Sim! Veja se pode fazer isso!  - exclamou para o velho arqueiro.

Imperturbável, o Mestre não preparou seu arco, em vez disso fez sinal para que o jovem arqueiro o acompanha-se montanha acima.

Curioso sobre o que o velho estava tramando, o campeão seguiu-o para o alto até que eles alcançaram um profundo abismo atravessado por uma frágil e pouco firme tábua de madeira.

Calmamente caminhando sobre a insegura e certamente perigosa ponte, o velho Mestre tomou uma larga árvore longínqua como alvo, esticou seu arco, e acertou um claro e direto tiro.

- Agora é a sua vez. - disse enquanto voltava para solo seguro.

Olhando com terror para dentro do abismo negro e aparentemente sem fim, o jovem não conseguiu forçar a si mesmo a caminhar pela prancha, muito menos acertar um alvo de lá.

Quando, então, disse o Mestre Zen:

- Meu jovem, você tem muita perícia com seu arco, mas pouco equilíbrio com a mente, que deve nos deixar relaxados para mirar o alvo.




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